Francini Andrade Piaget
Por que vale a pena fazer um mestrado em Fisioterapia no Desporto

Entrevista a Francini Andrade, coordenadora do mestrado em Fisioterapia no Desporto, lecionado no Piaget de Viseu

O curso é novo e lecionado em horário pós-laboral, para facilitar a vida aos fisioterapeutas que procuram uma área de especialização que possui hoje um vasto campo de empregabilidade – que vai muito além dos clubes desportivos.

Nesta entrevista, a responsável do mestrado, professora Francini Andrade, passa em revista várias questões práticas relacionadas com o curso, numa área, a da Fisioterapia, onde o Piaget acumula uma vasta experiência académica e científica.

Qual a mais-valia para um fisioterapeuta de fazer uma especialização na área do desporto?

Antes de mais, importa referir que a licenciatura em Fisioterapia confere uma formação generalista, tendo em conta o curto período de tempo para se aprofundar uma ciência que acaba por ser tão ampla. Além disso, nós atuamos em diferentes áreas, sendo o desporto apenas uma delas. Assim, o aprofundamento em alguns domínios específicos durante a licenciatura acaba por ser limitado.

Por outro lado, a intervenção do fisioterapeuta junto de atletas, sejam eles profissionais, amadores ou apenas praticantes regulares de exercício físico, exige competências mais avançadas, pois trata-se de uma população com uma elevada exigência física. No caso de atletas amadores ou de praticantes de exercício físico regular, trata-se de pessoas que estarão frequentemente sem um acompanhamento especializado.

É preciso ter em conta que este público apresenta um perfil lesional característico, pois está exposto a cargas físicas intensas que requerem um conhecimento aprofundado sobre fisiopatologia envolvida nas lesões e as fases de cicatrização tecidual, bem como pensar as estratégias terapêuticas preventivas e eficazes, baseadas sempre na melhor evidência.

Adicionalmente, sendo um público altamente condicionado, há características próprias para a prescrição do exercício, que deve ser bem estruturada, de forma a não subestimar ou sobrestimar a pessoa. Nesse sentido, o fisioterapeuta focado na área do desporto precisa de ter conhecimentos em biomecânica aplicada a lesões, pois cada modalidade desportiva tem um perfil característico de lesão, em fisiologia do exercício, em fisiologia neuromuscular, e em estratégias avançadas para prescrição do exercício físico terapêutico, respeitando cada fase de cicatrização de uma lesão.

Neste sentido, acreditamos que o mestrado em Fisioterapia do Desporto, lecionado no Piaget, permitirá formar este tipo de profissional. Ou seja, um fisioterapeuta com competências clínicas avançadas, e apto a atuar tanto num contexto desportivo especializado, como são os clubes, como em unidades clínicas que recebem frequentemente os atletas amadores e os praticantes de exercício físico regular.


Quando falamos em Fisioterapia no Desporto, referimo-nos apenas a intervenções destinadas ao tratamento de lesões contraídas por atletas, ou há espaço para algum tipo de atuação ao nível da prevenção de uma lesão?

Falamos do tratamento de lesões contraídas por atletas, mas também da atuação para prevenir a sua ocorrência e da prevenção quanto à recidiva de uma lesão. O acompanhamento do processo de reintegração desportiva de um atleta exige uma estreita articulação com outros profissionais da equipa técnica e clínica, nomeadamente com treinadores, médicos, fisiologistas do exercício e preparadores físicos, para garantir que o regresso do atleta é seguro.

Importa destacar que o papel do fisioterapeuta no contexto desportivo também envolve atuação no campo. Ou seja, naquela tomada de decisão rápida e fundamentada que será determinante, por exemplo, na avaliação da gravidade de uma lesão traumática ocorrida em campo, ou na decisão de permanência ou não do atleta na competição, para salvaguarda da sua carreira desportiva.

Também recordo que os atletas amadores e praticantes de exercício físico regular que precisem de fazer fisioterapia recorrem, na maioria dos casos, a serviços convencionais. Assim, é importante existirem, neste tipo de serviços, profissionais aptos a atender este tipo de população. Um fisioterapeuta com um perfil mais generalista e habituado a atuar em diversos contextos clínicos e em populações mais heterogéneas não possuirá uma formação tão especializada em biomecânica, mecanismos de lesão, fisiologia da cicatrização, nem conhecimentos tão aprofundados sobre a própria prescrição do exercício físico.


Que tipo de competências é que os estudantes vão desenvolver ao longo do mestrado?

Durante o mestrado em Fisioterapia no Desporto, os estudantes desenvolverão competências avançadas na avaliação funcional específica para contexto desportivo, tendo em conta as exigências biomecânicas e fisiológicas das diferentes modalidades desportivas, tanto coletivas como individuais.

A formação inclui também o domínio da fisiologia do exercício, da biomecânica aplicada, e da prescrição de exercício físico terapêutico avançado, sempre baseado nas principais guidelines internacionais. Adicionalmente, serão trabalhadas estratégias terapêuticas ativas e passivas para a gestão da dor e a otimização do desempenho, bem como competências destinadas a integrar, de forma eficaz, domínios da reabilitação com outras áreas fundamentais, como é o caso da farmacologia e da nutrição aplicada ao desporto.

Os estudantes sairão ainda do mestrado com competências em investigação científica, incluindo metodologias de investigação, gestão em análise de dados e interpretação crítica dos resultados, estando aptos a integrar equipas de investigação.


Em termos de empregabilidade, quais as saídas profissionais que se oferecem aos fisioterapeutas nesta área, para além da alternativa óbvia de irem trabalhar para um clube desportivo?

A atuação do fisioterapeuta na área do desporto não se limita aos clubes desportivos, pois é preciso ter em conta que existem diferentes populações dentro do desporto. Além dos atletas profissionais, existem os atletas amadores e os praticantes de atividade física regular. Estas pessoas procuram frequentemente serviços clínicos convencionais, tanto para avaliação, como para reabilitação e retorno à sua prática desportiva. Este tipo de situações torna essencial a presença de um fisioterapeuta com formação avançada, não apenas num clube desportivo, mas também num contexto de clínicas, onde o profissional pode atuar em populações mais gerais, mas estará especialmente focado nesses atletas amadores e nos praticantes de atividade física.

Por isso, o mercado de trabalho estende-se para além dos clubes. Abrange clínicas privadas, alguns ginásios com atendimento voltado para a saúde e bem-estar, centros de rendimento, unidades de medicina desportiva, academias de formação de atletas e equipas de investigação voltadas para a área do desporto.


O Piaget é uma referência académica na formação em Fisioterapia em Portugal, com uma oferta espalhada pelas suas várias Escolas Superiores de Saúde, de norte a sul do país. O que é que esta experiência acrescenta em termos de valor na formação dos nossos estudantes e neste mestrado em particular?

Esta longa trajetória do Piaget confere-nos uma experiência acerca das transformações ocorridas no perfil do fisioterapeuta ao longo dos anos. Falo especialmente do perfil requerido pelo mercado atual, sendo este um dos fatores que motivou a criação do mestrado em Fisioterapia no Desporto, no Piaget.

A nossa instituição valoriza as diferentes práticas pedagógicas, com estratégias inovadoras de ensino, integrando uma forte componente prática e uma rede alargada de parceiros institucionais e clínicos. No contexto específico do mestrado em Fisioterapia do Desporto, este percurso proporciona uma formação de elevado rigor científico e técnico, assegurado por um corpo docente altamente qualificado, composto por académicos e especialista da área.

Destaco ainda o importante incentivo da instituição à realização de investigação e um acompanhamento próximo dos estudantes, potenciando o desenvolvimento de competências especializadas.

O curso é lecionado num Campus onde os estudantes vão interagir diariamente com colegas que estão a formar-se em áreas bastante diferentes, alguns até fora da área da saúde. Na sua opinião, isso é uma vantagem ou uma desvantagem?

O curso será lecionado num Campus onde coexistem, por exemplo, estudantes das licenciaturas em Fisioterapia, Psicologia e Enfermagem. Ou seja, futuros profissionais que, em alguma fase da vida, poderão intervir junto de populações atléticas.

Acreditamos que este ambiente multidisciplinar pode constituir uma vantagem, na medida em que promove um intercâmbio de conhecimentos e experiências entre diferentes áreas complementares, contribuindo para a formação de profissionais com uma visão mais holística e humanizada dentro da área da saúde.


Enquanto coordenadora do curso, qual o perfil de estudantes que ambiciona ter no próximo ano letivo?

Estamos preparados para acolher a primeira turma do mestrado em Fisioterapia do Desporto, procurando estudantes que se identifiquem com alguns princípios que norteiam a nossa formação. Ambicionamos receber profissionais dedicados, com um profundo respeito pela nossa profissão, motivados para oferecerem sempre o seu melhor à população que pratica desporto, e sustentando a atuação nas melhores evidências científicas.

Esta primeira turma será determinante na consolidação da identidade do curso. Neste sentido, o alinhamento entre o compromisso dos estudantes e a experiência da equipa docente será fundamental, já que contamos com professores com uma sólida atuação na prática clínica, o que confere ao mestrado um carácter distintivo.


Para terminar, quem é a professora Francini Andrade?

Sou fisioterapeuta, licenciada desde 2014, e na minha trajetória profissional tive a oportunidade de intervir em diferentes contextos clínicos e com diferentes populações. Sempre tive um interesse particular por duas vertentes da fisioterapia, designadamente a área respiratória e a área musculoesquelética, com especial fascínio pela biomecânica e pela postura. Neste sentido, considero que o principal instrumento do fisioterapeuta, enquanto profissional do movimento humano, é o domínio aprofundado da anatomia, da fisiologia e da biomecânica. É justamente isso que queremos trazer para o mestrado, pois esses são os pilares que sustentam uma prática clínica consolidada do fisioterapeuta.

O meu percurso académico inclui um doutoramento em Ciências Pneumológicas, com foco na avaliação cardiorrespiratória em populações com doenças crónicas. Iniciei a minha carreira como docente em Portugal na licenciatura em Desporto, lecionando unidades curriculares como Anatomia, Fisiologia Humana e Traumatologia Aplicada ao Contexto Desportivo. Esta experiência acabou por intensificar o meu envolvimento na área do desporto, particularmente na análise do movimento, na prevenção de lesões, e na prescrição do exercício físico.

Desde 2025, integro o corpo docente do Piaget, desempenhando atualmente as funções de coordenadora do mestrado em Fisioterapia do Desporto.

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