A licenciatura em Gestão distingue-se pelo seu carácter prático
Entrevista ao professor Pedro Guimarães, coordenador-adjunto da licenciatura em Gestão
Tem duas licenciaturas, dois mestrados, um doutoramento e acredita que o melhor investimento que fazemos na vida é no nosso próprio conhecimento. Foi oficial do Exército e é também economista. O Professor Pedro Guimarães é coordenador-adjunto da Licenciatura em Gestão, lecionada no Campus Piaget de Almada, um polo universitário situado a dois passos da estação de comboios do Pragal e a 10 minutos de carro do centro de Lisboa.
Vem falar connosco sobre as mais-valias desta licenciatura, muito vocacionada para quem já antecipa uma futura carreira profissional na área corporativa ou empresarial. Na sua opinião, um dos fatores que melhor distingue o Piaget de outras faculdades é o “carácter muito prático” do curso.
A Gestão, designadamente de organizações, com ou sem fins lucrativos, é um conceito amplo, que pode integrar diversas áreas e abarcar atividades muito diversas. Quais são as saídas profissionais possíveis para um futuro licenciado em Gestão?
A Gestão é um mundo. Há muitas saídas, muitas pequenas áreas que pertencem à Gestão, desde a gestão financeira, à gestão de recursos humanos, passando pela gestão dos sistemas de informação, a logística, as vendas, a consultadoria, a estratégia como analista de processos, o empreendedorismo (para quem decide montar o seu próprio negócio) ou a Administração Pública, como técnico superior no setor público. Na prática, a Gestão acaba por dar ferramentas para todas estas atividades.
Naturalmente, não é em três anos de licenciatura que se aprofunda cada uma destas áreas, mas, ao longo da carreira, cada licenciado em Gestão vai aprofundando essas áreas, consoante o seu interesse.
Como vê a utilidade da profissão e o papel do gestor ou gestora nas organizações e na sociedade em geral?
As organizações são todas diferentes umas das outras, mas há um denominador comum: há sempre poucos recursos e muitas necessidades. É aqui que entra o gestor, cuja função é decidir. Neste contexto, ele tem de fazer opções, porque gerir é optar. Não há dinheiro e recursos para tudo, pelo que ele tem de saber quais são as decisões que emprestam maior valor à organização e o que ela mais precisa.
Nesse sentido, o gestor tem de traçar metas, atingir objetivos e criar valor. E não pode nunca esquecer que vivemos numa era de permanente mudança. Ou seja, tem de ser flexível, porque aquilo que planeia hoje, pode não acontecer amanhã. Surge uma pandemia, acontece um embargo comercial, e é preciso virar completamente o planeamento efetuado. Portanto, estas características têm de estar sempre presentes no gestor e é, por isso, que ele é bastante útil ao leme de uma organização.
Que tipo de competências é que os estudantes vão desenvolver ao longo da licenciatura?
As competências podem ser divididas em dois grandes grupos. Por um lado, as competências técnicas, a que chamamos de “hard skills” em várias áreas, seja a parte financeira, os recursos humanos, a resolução de problemas com modelos matemáticos, o marketing ou a estratégia.
Por outro lado, e cada vez mais importante, temos os “soft skills”. Como nunca trabalhamos sozinhos, mas em equipas, esta componente é cada vez mais valorizada. Entre um gestor com poucos “soft skills” e outro com mais, este último será o preferido. Isto significa ter uma boa comunicação, uma excelente gestão de conflitos, estar orientado para o trabalho de equipa, ter um pensamento crítico permanente, ter uma boa gestão do tempo e uma excelente capacidade analítica.
A acrescer a estes dois grandes grupos, é também importante um gestor ter uma mentalidade empreendedora. Ou seja, ter a capacidade de reconhecer e identificar, sempre que necessário, o aparecimento de uma oportunidade de negócio e operacionalizá-la.
Gestão é um curso essencialmente teórico ou consegue aliar a teoria à prática? Há algum tipo de atividades, dinâmicas, iniciativas em que os estudantes se envolvam durante os três anos do curso, com vista a desenvolver aptidões essenciais para o seu futuro profissional?
É uma excelente pergunta, e ainda bem que a faz, porque entendo que um dos fatores que distingue o Piaget de outras faculdades é justamente o facto de termos um carácter muito prático na licenciatura. Isso nota-se, desde logo, por a maioria dos docentes em Gestão ter também experiência no mercado de trabalho e no mundo organizacional, não sendo puros académicos. Emprestam, assim, a sua experiência do dia a dia e as aulas assumem um cariz mais dinâmico.
Eu próprio, no final de uma aula, costumo deixar um assunto no ar, pedir um voluntário para pesquisar sobre esse tema, e começar a aula seguinte, durante os primeiros cinco minutos, com a apresentação do tema. Tudo isto é feito num ambiente descontraído e com uma discussão descontraída.
A juntar a isto, o grande evento universitário do curso dá pelo nome de Gestão Piaget. Trata-se de uma iniciativa anual, organizada exclusivamente pelos estudantes, em que eles escolhem os temas a debater e os painéis de convidados. O evento tem uma comissão organizadora que vai a votos no início de cada ano, tem um presidente e responsáveis por cada área.
É algo que é bastante valorizado e acontece as empresas convidadas ficarem com os alunos no seu radar e apresentarem-lhes, mais tarde, propostas interessantes de trabalho. Isto só acontece porque reconhecem nos estudantes a capacidade de fazer nascer eventos e de não ficarem acomodados apenas à teoria dos livros.
O que é que nos pode dizer sobre o perfil dos alunos que estão a frequentar a licenciatura e o perfil dos estudantes que ambiciona ter no próximo ano letivo?
Julgo que o perfil dos alunos no próximo ano letivo não será muito diferente do perfil dos alunos atuais. A maior parte são estudantes que terminam o 12º ano e entram através do concurso institucional. Temos também alguns estudantes que chegam através do concurso para maiores de 23 anos. São pessoas que, por norma, deixaram de estudar há alguns anos, não precisam sequer de ter o 12º ano, mas têm o sonho e a vontade de tirar um curso superior. Temos ainda estudantes internacionais: o Piaget tem muito prestígio nos países de língua oficial portuguesa e é normal que tenhamos procura oriunda destas geografias.
Relativamente ao perfil do estudante de Gestão, diria que, por norma, é um aluno inconformado com o conhecimento, que gosta e quer aprender, e que é muito interessado em privilegiar a forte ligação entre a teoria e a componente prática. Em resumo, é um estudante que gosta de questionar o “porquê” das coisas, não é passivo na receção do conhecimento e gosta de trazer para a sala de aula as notícias do dia a dia para nós debatermos. Um exemplo: uma das unidades curriculares que leciono é Política Económica. Com a atual riqueza de notícias sobre política económica, a maior parte das aulas começa com comentários das notícias que passaram nos noticiários das televisões, analisados à luz da matéria dada.
A licenciatura é lecionada no Campus Universitário de Almada, o maior do Piaget em Portugal em número de estudantes. Os alunos vão interagir diariamente com colegas que estão a formar-se em áreas muito diferentes. Na sua opinião, isso é uma vantagem ou uma desvantagem?
É claramente uma vantagem. Quanto mais heterogêneo for o grupo, maior riqueza sai dele. Os alunos ganham e crescem como pessoas e futuros profissionais. Há uma riqueza muito grande na troca de perspetivas e de ideias. Um fator importante e que não podemos negligenciar é a nossa rede de contatos, aquilo a que chamamos a nossa agenda de telefone. Ela começa logo na faculdade, com alunos de outras áreas, seja da Educação Física e Desporto ou da Psicologia, e que provavelmente também virão a ter necessidades do âmbito da gestão.
Já mencionei antes o evento Gestão Piaget. Até há alguns anos era um evento exclusivo da licenciatura em Gestão, hoje é um evento da área de Gestão. Qual a diferença? Temos painéis ligados à gestão no desporto ou à psicologia, por exemplo, e a inclusão de estudantes de outras áreas gera um ambiente salutar. O próprio ambiente vivido no Campus proporciona o convívio entre estudantes de vários cursos, o que é muito bom em termos académicos.
Do seu ponto de vista, quais as vantagens de estudar em Almada?
Desde logo, o nosso Campus, que é fantástico. Se calhar, é preciso conhecer outras realidades e outras faculdades para repararmos que o nosso Campus é muito interessante e agradável: tem bastantes espaços verdes, boas instalações desportivas, incluindo um campo relvado de futebol de 11 utilizado tanto para o curso de Educação Física como por equipas externas de futebol em horários pós-aulas, temos boas infraestruturas, uma Internet de última geração e bons serviços de apoio, incluindo uma excelente biblioteca, cantina e bar.
Em segundo lugar, temos uma localização privilegiada, mesmo ao lado da estação ferroviária do Pragal, com comboios a cada 15 minutos. O Campus é bastante acessível para quem mora na Margem Sul, mas também para quem, como eu, se desloca diariamente de comboio vindo de Lisboa.
O Campus tem um ensino exigente, como é normal no Ensino Superior, mas ao mesmo tempo dispomos de um ambiente descontraído, com uma grande proximidade entre aluno e professor, Temos igualmente uma grande proximidade às empresas do concelho de Almada e à sua população.
Por fim, gostaria de destacar uma grande vantagem para os alunos de Gestão: temos em marcha um projeto piloto, com a criação da figura do mentor/explicador. Trata-se de um docente que está disponível duas vezes por semana para dar explicações ou tirar dúvidas aos alunos, sem qualquer encargo financeiro adicional. O projeto vai manter-se – claro! – no próximo ano letivo.
Para terminar, quem é o Professor Pedro Guimarães?
Tenho um currículo que não é muito natural nos professores universitários. A minha formação é militar, tendo sido oficial do Exército durante várias décadas. Sou economista e também uma pessoa que gosta de continuar a aprender. É certamente por isso que tenho duas licenciaturas (das que eram compostas por cinco anos), dois mestrados e um doutoramento. Estou convencido que o melhor investimento que fazemos na vida é no nosso próprio conhecimento.
Por outro lado, das várias atividades que fui desempenhando, a que mais gosto é a da docência. Por várias razões: gosto de me relacionar com as pessoas, gosto de ver um grupo a aprender e a seguir depois o seu caminho, e sinto-me num processo de aprendizagem contínua. Chego sempre ao fim de cada ano letivo mais rico em conhecimentos do que quando comecei, seja pelas questões que me colocam, pelas observações que me fazem ou pelos problemas que vão surgindo e sendo resolvidos. Acho isso extraordinariamente desafiante e é um gosto poder fazer parte desta dinâmica.
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