A Psicologia é relevante, necessária e cada vez mais atrativa
Entrevista com Isabel Silva, coordenadora da Licenciatura em Psicologia, no Campus Piaget de Viseu
Doutorou-se em Psicologia Cínica em 2014 e coordena a licenciatura em Psicologia no Campus de Viseu há mais de seis anos. O curso tem um histórico e uma tradição académica de 25 anos, o que é sinónimo de uma enorme mais-valia para a formação dos nossos estudantes.
A professora Isabel Silva vem falar connosco sobre uma área formativa em que o elemento-chave é a capacitação dos alunos com conhecimentos fundamentais sobre o comportamento humano e os seus fundamentos psicofisiológicos.
Além das competências que os estudantes desenvolvem ao longo do curso, a docente explica as vantagens de prosseguir para um 2º ciclo de estudos, após a licenciatura, os benefícios de estudar em Viseu e as portas que se abrem após a conclusão do percurso académico.
Antes de entrar na licenciatura, comecemos por uma questão mais geral: qual a relevância atual da Psicologia e o impacto da profissão de psicólogo na sociedade?
A Psicologia, enquanto ciência, é bastante relevante, tal como a sua necessidade. Numa sociedade marcada por profundas transformações e diversos desafios sociais, nomeadamente no que diz respeito à dimensão da saúde física e mental, e onde há exigências crescentes nos campos das relações humanas, trabalho, funcionamento das organizações e educação, torna-se evidente que a Psicologia assume um papel essencial. Ela pode fornecer um conjunto de instrumentos e de ferramentas para a compreensão daquilo que é o comportamento humano e para promoção do bem-estar.
Isto significa que o trabalho dos profissionais da área da Psicologia é bastante multifacetado, indo da atuação individual à dimensão grupal ou das organizações, que podem ser, por exemplo, escolas ou empresas, até à dimensão da comunidade em geral. O psicólogo contribui para a promoção do desenvolvimento de uma sociedade mais justa e mais coesa. Sublinho outra dimensão importante que tem a ver com o facto de os psicólogos terem como valores o respeito pela diversidade e pelos direitos humanos.
No Piaget, e alinhado com a missão da instituição, o curso valoriza a formação de profissionais da área da Psicologia que ajudem na construção de ambientes mais saudáveis e de uma sociedade mais preparada para lidar com estas diferentes complexidades sociais, organizacionais e culturais.
O exercício da profissão de psicólogo é regulado pela Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) que tem a missão de garantir a qualidade dos serviços e a ética profissional. Neste contexto, qual é a importância do reconhecimento académico e científico da formação em Psicologia?
O reconhecimento académico e científico da formação na área da Psicologia é fundamental, especialmente para dar uma dimensão de credibilidade ao que são as práticas baseadas em evidência científica e investigação. Temos entidades, como a OPP, que exercem a respetiva regulação e organização da atividade, e outras que ajudam a regular a componente das ofertas formativas. É o caso da Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior que ao validar o curso de Psicologia do Piaget dá também a garantia aos futuros profissionais de que vão adquirir as competências teóricas e práticas adequadas, dentro de padrões de qualidade e ética.
Por isso, o facto de termos uma articulação próxima com a OPP dá garantias importantes aos futuros profissionais, incluindo o acesso à inscrição na Ordem para o exercício da profissão de psicólogo, em áreas como a psicologia clínica e da saúde, a psicologia social e das organizações ou a psicologia da educação. Posteriormente, e mediante o percurso de cada um, existe a possibilidade de os profissionais obterem uma certificação em subespecialidades, como a psicologia comunitária ou a neuropsicologia, entre outras.
Destaco ainda as atividades que são propostas pela OPP e onde estamos alinhados, como a Academia OPP, os workshops online em carreira, e o Estudante Embaixador OPP, onde temos estudantes do Piaget a serem selecionados como embaixadores.
Que tipo de competências é que os estudantes desenvolvem ao longo da licenciatura?
Neste primeiro ciclo de estudos em Psicologia pretende-se que os estudantes consigam reunir um conjunto de competências e de conhecimentos básicos no domínio da psicologia científica. Isto tanto no que se refere à dimensão dos fundamentos teóricos relacionados com a explicação comportamental, como no que possam ser vários domínios de aplicação da área da Psicologia para posterior tomada de decisão, de acordo com os interesses de cada estudante.
O plano de estudos encontra-se alinhado com as orientações nacionais e internacionais, nomeadamente com as diretrizes da Ordem dos Psicólogos e com o EuroPsy (que é um sistema de certificação europeu para a Psicologia). O plano de estudos integra, assim, um conjunto de unidades curriculares que tratam várias dimensões, como o contato com as metodologias de investigação utilizadas em Psicologia e a contextualização do papel das Ciências do Comportamento em termos interdisciplinares. Esta formação de base abre caminho para o prosseguimento de um segundo ciclo de estudos, o mestrado, que proporcionará depois um campo de especialização para o futuro exercício da profissão.
Disciplinas como a psicologia da educação, psicologia do trabalho e das organizações, psicologia clínica e da saúde, ou psicologia comunitária, entre outras, permitem assegurar uma formação consistente e coerente, de forma a que o estudante possa compreender o que é o trabalho desenvolvido pelos profissionais em diferentes dimensões.
Em termos de empregabilidade, o que devem fazer os diplomados após a licenciatura: entrar de imediato no mercado de trabalho ou prosseguir os estudos para um mestrado para alargar o leque de saídas profissionais?
A recomendação é que os estudantes que iniciam o seu percurso académico num primeiro ciclo de estudos possam depois prosseguir para um segundo ciclo. É isso que permitirá o acesso à profissão de psicólogo, designadamente à inscrição no ano profissional júnior, de acordo com os requisitos da Ordem dos Psicólogos.
Se o estudante ficar com o primeiro ciclo de estudos terá a possibilidade de ingressar no mercado de trabalho noutro tipo de atividades, em que o requisito seja apenas a licenciatura. É o caso, por exemplo, de uma direção técnica na área da formação profissional.
No Piaget de Viseu, a oferta formativa inclui a possibilidade de o estudante seguir para o segundo ciclo de estudos e fazer um mestrado em Psicologia da Saúde ou Psicologia da Educação e Aconselhamento. Sendo a taxa de empregabilidade da licenciatura elevada, a maioria dos estudantes opta por prosseguir para o 2º ciclo de estudos.
O Piaget é uma referência na formação de diplomados em Psicologia e na possibilidade de os estudantes continuarem para um 2º ciclo de estudos, tanto no Campus de Viseu como no de Almada. O que é que esta experiência de vários anos acrescenta em termos de valor na formação dos nossos estudantes?
No meu percurso de seis anos de coordenação da Licenciatura de Psicologia no ISEIT de Viseu, tenho verificado um aumento considerável do número de estudantes que se inscrevem no 1º ano do curso. Foi este crescimento do interesse pela área das ciências psicológicas que levou o Piaget a aumentar também o número de vagas disponíveis, de forma a que os estudantes possam cumprir os seus objetivos.
Temos também relações de proximidade com o território, sinergias com diferentes instituições da comunidade, parcerias com entidades públicas e privadas e outras organizações da sociedade civil. Para além das atividades académicas, existe um conjunto de ações complementares, como seminários, congressos e workshops, que permitem aos estudantes um contato com profissionais de outras áreas e dispor de uma diversificação de conhecimentos nas diferentes áreas e subáreas da Psicologia.
Esta tem sido uma aposta que fazemos também de forma holística, humanista e ecológica, alinhada com os princípios do Piaget e a sua missão.
O que nos pode dizer sobre o perfil dos alunos que estão a frequentar a licenciatura e o perfil de estudantes que ambiciona ter no próximo ano letivo?
A maior parte dos nossos estudantes de Psicologia ingressa na licenciatura através do concurso institucional, após a conclusão do 12º ano. A maioria é oriunda do território de Viseu, embora tenhamos estudantes de áreas limítrofes, como Guarda, Castelo Branco e Aveiro.
Temos igualmente estudantes com outro tipo de perfil, designadamente os que entram através do concurso para maiores de 23. São pessoas que exercem a sua atividade profissional noutras áreas, mas que identificam a área da Psicologia como importante para o seu desenvolvimento pessoal ou até profissional.
Embora a maioria seja de nacionalidade portuguesa, temos estudantes com nacionalidade angolana, brasileira ou venezuelana, por exemplo.
Ou seja, há aqui também uma dimensão multicultural e multidisciplinar que permite agregar um conjunto de experiências diferentes, em termos de contexto geográfico e de percursos, que acaba por enriquecer as experiências académicas ao longo do curso.
A licenciatura é lecionada num eco Campus onde os estudantes de Psicologia interagem diariamente com colegas que estão a formar-se em áreas muito diferentes. Isso é uma vantagem ou uma desvantagem?
À partida, é uma vantagem, dada esta característica integrada, colaborativa e multidisciplinar do Campus. O facto de estarmos inseridos num contexto próximo da natureza cria também uma dimensão de respeito pelos recursos naturais que envolvem o Campus e possibilita uma experiência académica de maior bem-estar.
A outro nível, a articulação com os diferentes profissionais que compõem o corpo docente possibilita aos estudantes o envolvimento em diferentes áreas da ciência psicológica, podendo conhecer as diferentes aplicações práticas, incluindo o contexto clínico, o contexto hospitalar, o contexto da prática clínica privada, o contexto organizacional, o contexto educacional e as várias dimensões da investigação.
Friso igualmente a ligação e participação de vários elementos do corpo docente às estruturas da Ordem dos Psicólogos Portugueses, nomeadamente à Direção Regional do Centro, e do Fórum Nacional dos Psicólogos. Os estudantes podem beneficiar destas experiências e relações em diferentes áreas.
Ligando o Campus ao território onde está inserido, quais as vantagens de estudar em Viseu?
As vantagens de fazer um percurso académico em Viseu estão ligadas ao facto de esta ser uma das melhores cidades para viver a nível nacional, podendo o estudante encontrar na licenciatura em Psicologia do Piaget a possibilidade de fazer um percurso que vá ao encontro das suas escolhas.
A licenciatura tem mais de 25 anos e está consolidada no território de Viseu, mantendo pontos de ligação a nível nacional com diferentes estruturas, incluindo, como referimos, a Ordem dos Psicólogos. À ótima formação académica e profissional do corpo docente, devemos juntar ainda a proximidade que existe entre os professores, a coordenação do curso, a direção da instituição e os estudantes.
Igualmente relevante é a possibilidade de continuar o percurso académico para um segundo ciclo de estudos, o Campus ter todos os recursos materiais e pedagógicos necessários à aprendizagem, ter uma residência universitária e uma Clínica Piaget. Adicionalmente, a licenciatura dispõe de um Laboratório de Psicologia (SiPsi LAB) e durante o ano letivo decorre um programa de iniciação dos estudantes à investigação científica (SI-PSI). Por tudo isto, julgo que é motivador escolher a licenciatura no Piaget de Viseu.
Para terminar, quem é a Professora Isabel Silva?
Sou doutorada, desde 2014, em Psicologia Clínica, na área de especialização em Psicologia da Família e Intervenção Familiar, pela Faculdade de Psicologia em Coimbra. Coordeno a licenciatura em Psicologia do Piaget no Campus de Viseu, onde sou professora auxiliar, há mais de seis anos, e também a pós-graduação em Intervenção Comunitária.
Procuro conciliar estas atividades com uma ligação a diversas associações da comunidade, tanto mais que a minha componente na área de investigação é feita em articulação com organizações da sociedade civil, onde tenho desenvolvido vários projetos. Destaco uma dimensão de intervenção socioeducativa com crianças, jovens, e famílias e uma dimensão de promoção e participação da cidadania. Esta componente mais prática e de atuação em diferentes contextos contribui para enriquecer a experiência que eu, em conjunto com outros docentes, somos capazes de proporcionar aos estudantes durante o seu percurso académico.
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