Da formação à prática: Como se preparam os docentes para o Ensino Superior
Entrevista com Clementina Nogueira, coordenadora da Pós-Graduação em Docência no Ensino Superior
A Pós-Graduação em Docência no Ensino Superior tem a duração de 5 meses e é lecionada, em regime 100% on-line, pela Escola Superior de Educação Jean Piaget de Almada. Vai seguramente capacitar os profissionais para a docência e a coordenação pedagógica no Ensino Superior, uma área em que o Piaget tem uma sólida experiência acumulada.
Nesta entrevista, a professora Clementina Nogueira explica-nos quais as mais-valias do curso, a forma como está adaptado aos desafios do ensino contemporâneo e alinhado com as diretrizes europeias para o Ensino Superior.
Além de coordenadora do curso, a docente é também a presidente do Campus de Almada, o maior polo universitário do Piaget em número de estudantes, em Portugal. Os seus alunos estarão, por isso, muito bem entregues!
A quem é dirigida a Pós-Graduação em Docência no Ensino Superior?
A pós-graduação é dirigida basicamente a dois tipos de pessoas. Por um lado, aos docentes que já estão no Ensino Superior, que já são profissionais; por outro, àqueles que pretendam vir a ingressar no Ensino Superior.
Ou seja, há aqui uma dupla função. Relativamente aos profissionais que já trabalham no Ensino Superior, o curso dá-lhes oportunidade de adquirir competências nesta área pedagógica. Para aqueles que pretendem vir a candidatar-se ao Ensino Superior a formação é importante para preparar a sua integração, para que esta possa ser mais bem-sucedida, uma vez que esta componente pedagógica é algo que não existe quando os docentes ingressam na profissão.
Considera que existe algum papel específico que esta pós-graduação desempenhe no panorama do Ensino Superior?
A pós-graduação tem um papel fundamental. A componente pedagógica é praticamente inexistente quando falamos naquilo que é o percurso dos docentes do Ensino Superior. Os docentes são geralmente selecionados pelo seu percurso académico e de investigação. Mas, na realidade, não são docentes de formação – são psicólogos, são biólogos, são enfermeiros, e por aí adiante, e chegam ao Ensino Superior como docentes sem terem formação pedagógica.
Portanto, esta pós-graduação, é essencial, na medida em que a formação pedagógica é algo que todos os docentes deveriam ter, quando, na realidade, são sobretudo profissionais e investigadores numa determinada área, sem as competências que um docente deve ter.
Quem frequentar esta pós-graduação o que pode esperar em termos da sua utilidade? Quais as mais-valias que o curso pode trazer?
O curso tem uma estrutura muito interessante, porque tem um conjunto de unidades curriculares que vão desembocar numa unidade curricular, que é o portfolio docência, onde os estudantes vão criar um portfólio que integra toda a formação que tiveram ao longo da pós-graduação.
Esta é uma pós-graduação pensada para o desenvolvimento de competências pedagógico-didáticas dos docentes, independentemente da área disciplinar de onde são oriundos. Por isso, a pós-graduação aborda aspetos como o planeamento das aulas, a avaliação e a parte da didática. Todos estes aspetos são trabalhados e, no fim, congregados num documento final.
Há um conjunto de competências que são trabalhadas de forma integrada, para que o docente se possa sentir mais à vontade na sua função, tenha a capacidade crítica de poder analisar aquilo que são as suas práticas e tenha também acesso a novas formas de gerir as suas aulas e novas formas de estar nos processos de ensino-aprendizagem.
Julgo, assim, que o curso tem sido uma grande mais-valia, mesmo para docentes que estão há muitos anos no Ensino Superior e que sentem uma mudança. Na minha opinião, a mudança parte desta experiência integrada, porque uma coisa é fazer formações avulsas, outra é estar envolvido numa estrutura curricular que nos permite desenvolver de forma integrada um conjunto de competências. É neste aspeto que a pós-graduação é muito mais eficaz em termos formativos do que o simples somatório de várias formações avulsas.
A pós-graduação funciona totalmente on-line. Este formato não trará alguns constrangimentos ou não poderá prejudicar a formação?
Esta formação online tem tido resultados muito positivos. O curso, por ser totalmente em registo não presencial, possibilita que pessoas de todo o país e até do estrangeiro, como já aconteceu, possam frequentá-lo. Face às ferramentas disponíveis, o trabalho é feito de forma muito colaborativa.
A possibilidade de interagirmos através da plataforma Teams é uma mais-valia.
Temos testemunhos de estudantes que nos dizem “estou tão envolvida nas sessões que, às vezes, nem me lembro que estou online”. Portanto, penso que este formato é muito adequado a este tipo de formação e não a prejudica em nada, permitindo que todos possam participar de forma fácil, a partir dos locais onde se encontram, sem perder tempo em deslocações e sem os constrangimentos associados ao formato presencial.
O Piaget é uma referência académica na formação de educadores e professores em Portugal. O facto de ter experiência acumulada nesta área tem algum impacto nesta pós-graduação?
O Piaget é, sem dúvida, uma referência no panorama do Ensino Superior e há uma marca que julgo fundamental que é a preocupação com a componente pedagógica a nível dos processos formativos. Nem sempre as instituições de Ensino Superior têm tido esta preocupação. Desde o seu início, o Piaget começou por investir em termos formativos na área da educação, sempre com a preocupação de responder à questão “em que medida é que a forma como os docentes trabalham com os seus estudantes possibilita o maior sucesso em termos de aprendizagem?”. Esta preocupação faz parte da nossa matriz, tal como a proximidade com os estudantes, porque são aspetos que promovem a aprendizagem.
Todo este acumular de experiência, sobretudo a nível dos cursos de educação, e a visão institucional que aportamos beneficiam em muito esta pós-graduação e os estudantes que nela participam.
Para terminar, quem é a professora Clementina Nogueira?
Sou um membro do corpo docente. Essa é a minha identidade de base. A minha formação inicial, em termos de licenciatura, foi a psicologia. Depois passei para um mestrado em que trabalhei as questões do stress na profissão docente. Mais tarde, fiz um doutoramento em educação, onde desenvolvi um trabalho de investigação centrado no Ensino Superior, nomeadamente nestas questões da avaliação pedagógica dos docentes. Ou seja, este meu doutoramento está muito ligado à unidade curricular que leciono na pós-graduação e que tem a ver com os portfólios de docência que é a temática que investiguei no doutoramento.
Para além disso, tenho tido alguns cargos de gestão. Já tive o privilégio e a oportunidade de dirigir, por duas vezes, a nossa Escola Superior de Educação, sou presidente do Campus de Almada há já muitos anos e, desde 2019, também presidente do Instituto Politécnico Jean Piaget do Sul. Esta é uma estrutura que se distribui entre o Campus de Almada, que reúne três Escolas Superiores (Escola Superior de Educação, Escola Superior de Saúde e Escola Superior de Tecnologia e Gestão), e o Campus de Silves, que acolhe uma Escola Superior de Saúde.
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