Um mestrado importante para a docência em Educação Física
Entrevista com Fernando Vieira, docente no Mestrado em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário
O professor Fernando Vieira é docente e membro da comissão científica no Mestrado em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, um curso lecionado no campus do Piaget de Almada, situado a dois passos da estação de comboio do Pragal e a 10 minutos do centro de Lisboa.
Fala-nos sobre a mais-valia deste mestrado para quem pretende seguir a área da docência, bem como da especial responsabilidade do Piaget na formação de professores Educação física, onde detém uma vasta experiência.
Antes de entrar no tema do mestrado, gostaria de começar por uma questão mais geral e, eventualmente, provocatória: a disciplina de Educação Física é muitas vezes desvalorizada na formação de um estudante dos Ensinos Básico e Secundário. Qual a utilidade da profissão e qual o papel do professor de Educação Física na formação de crianças e jovens?
É uma excelente questão. Na verdade, sempre convivemos com essa problemática de haver quem considere a Educação Física uma disciplina menor em relação às outras áreas curriculares. Mas não o é, de todo! É uma disciplina da formação geral, que vai desde o primeiro ciclo até ao 12º ano, com uma mais-valia extraordinária.
Eu costumo dizer aos alunos de mestrado que a Educação Física deve ser multilateral, eclética e inclusiva. Multilateral no sentido em que desenvolve os alunos de uma forma holística em todas as suas dimensões, incluindo o bem-estar físico, psíquico e social. Eclética no sentido em que acabamos por utilizar muitas matérias da cultura física para darmos as nossas aulas. Inclusiva porque todos os alunos têm direito à Educação Física na escola.
Os professores de Educação Física contribuem claramente para a promoção de um estilo de vida ativo e saudável e gostam que os alunos possam ter autonomia e independência após terminarem o 12º ano para decidirem a atividade que vão praticar ao longo da sua vida.
Este mestrado é requisito fundamental para quem quer lecionar Educação Física com habilitação legal, pelo que – creio – tem habitualmente uma elevada procura. É expectável que essa procura se mantenha no próximo ano letivo?
Somos levados a crer que sim. Neste momento existe uma procura interessante por este mestrado. Ainda que os professores de Educação Física sejam, de facto, os mais novos ao nível da escola também eles estão a envelhecer.
Por isso, a procura tem existido sempre. Como disse, o mestrado dá uma habilitação profissional para a docência em dois grupos de recrutamento essenciais: o Grupo 260 para os docentes que trabalham no segundo ciclo e o Grupo 620 para quem trabalha no terceiro ciclo e no ensino secundário. Abrangendo todos os ciclos de estudo e anos de escolaridade é uma mais-valia para quem quer ser professor.
O mestrando irá aprimorar competências pedagógicas e didáticas numa formação alinhada com as exigências da docência. Que tipo de competências é que os estudantes desenvolvem ao longo do curso?
As competências são muitas e em várias dimensões, tanto ao nível da formação geral como da formação específica, tendo em vista o futuro contacto com a prática. Procuramos dar aos alunos competências científicas, pedagógicas e didáticas e daí o plano de estudos do curso com um número vasto de unidades curriculares.
Os alunos têm de ganhar competência para estar numa escola, para gerirem e organizarem o processo de ensino-aprendizagem, para serem diretores de turma, para saberem trabalhar em grupo e para saberem fazer projetos de gestão e liderança escolar. É tudo isto que procuramos passar aos nossos estudantes.
É possível conciliar o mestrado com o trabalho, uma vez que muitos estudantes já terão outras formas de ocupar o seu tempo?
Há aqui duas questões favoráveis para os alunos que procuram este mestrado: primeiro, eles podem fazer a sua inserção profissional, vulgo o seu estágio pedagógico, no local que quiserem a nível nacional. Nós dispomos de uma enorme base de dados de escolas a nível nacional e os próprios mestrandos podem pedir à comissão científica do curso para fazer o estágio perto do seu local de residência.
A segunda questão tem a ver com o facto de o curso ser em regime pós-laboral, sendo lecionado à quinta e sexta-feira, a partir das 18 horas, e ao sábado durante todo o dia. Isto permite, de facto, aos estudantes conciliar a sua atividade profissional com a atividade académica.
A bem da verdade, devo dizer que não é fácil fazer as duas coisas ao mesmo tempo, mas estando no mestrado desde a primeira edição sei que há quem consiga conciliar.
Sabemos o quão difícil é hoje, muitas vezes, o ambiente escolar e o aprender a lidar diariamente com uma turma de alunos no Ensino Básico ou no Ensino Secundário. O mestrado inclui prática real em escolas?
Sim, tem a ver com o que estava a dizer. No segundo ano, os estudantes têm de fazer o seu estágio pedagógico numa escola, seja da nossa base de dados seja escolhida por eles. É desta forma que entram em contato com a realidade escolar, tendo um orientador cooperante e um supervisor do Piaget.
É feito todo um trabalho de orientação que permite que os alunos tenham um bom estágio, em que nós também vamos às escolas e mantemos uma estreita colaboração com o professor cooperante. Os mestrandos lecionam as suas aulas de educação física com os cooperantes, pelo que existe este forte contacto com a prática.
Por outro lado, nas aulas de pedagogia e didática da educação física e desporto 1 e 2, lecionadas no primeiro e segundo semestre, os estudantes também fazem prática de microensino simulado, o que permite prepará-los para a realidade, de forma a não haver um grande choque.
O Piaget é uma referência na formação académica na área do desporto e da educação física em Portugal, com uma licenciatura no Campus de Almada e outra no Campus de Gaia. Que tipo de valor acrescenta este mestrado?
Desde logo o facto de os alunos ao terminarem o seu primeiro ciclo de estudos, poderem seguir para um mestrado na área da cultura física, onde o Piaget tem até uma oferta mais vasta. Além deste mestrado que habilita para o ensino existe também o mestrado em Exercício e Saúde. Significa isto que fazemos o que designamos por componente vertical do currículo. Havendo uma articulação do primeiro ciclo de estudos com o segundo ciclo, os estudantes já conhecem os professores, conhecem o ambiente, e conhecem o nosso campus universitário que é magnífico.
Diria aos alunos que estão agora a fazer a sua licenciatura, bem como aos ex-alunos, que têm aqui uma oferta formativa de excelência.
O mestrado é lecionado no Campus Universitário de Almada, o maior do Piaget em Portugal em número de estudantes. Os estudantes vão interagir diariamente com colegas que estão a formar-se em áreas muito diferentes. Isso é, na sua opinião, uma vantagem ou uma desvantagem?
Julgo que é uma enorme mais-valia. No Campus existe uma Escola Superior de Saúde, uma Escola Superior de Educação, uma Escola Superior de Tecnologia e Gestão e o Instituto Universitário, onde é lecionado o mestrado. São quatro instituições, uma grande oferta formativa e muitos estudantes. Vemos no dia a dia como os estudantes interagem entre eles.
Depois há uma questão fundamental de interdisciplinaridade, ou até diria de transdisciplinaridade que os estudantes terão um dia nas escolas. Ou seja, eles terão de trabalhar com psicólogos e nós temos o curso de Psicologia, terão de trabalhar com gestores e nós temos o curso de Gestão e por aí adiante. Isto permite que as competências possam ser adquiridas não num ambiente formal, mas informal. Finalmente, por vezes, convido professores de outros cursos para falarem de temas diversos, como inteligência emocional ou liderança, e isso é uma mais-valia.
Do seu ponto de vista, quais são as vantagens de estudar em Almada?
Em primeiro lugar, e do ponto de vista ambiental, o nosso Campus é muito bonito, tem muitas árvores e muita relva. Depois temos boas instalações desportivas, incluindo um campo de futebol de 11 que nos permite termos, por exemplo, um acordo com as escolas de formação do Benfica. Estamos também a 100 metros da estação ferroviária do Pragal.
Igualmente importante é a proximidade entre o professor e o estudante. Trabalho no Piaget há 23 anos e sempre foi assim. Os estudantes interpelam-nos, nós estamos ao seu lado, queremos que tenham sucesso no seu processo de aprendizagem e estamos comprometidos com o seu êxito. Aliás, neste mestrado os alunos estudam a relação pedagógica entre professor e aluno e, na prática, podem sentir essa proximidade em todo o Campus. Queremos ter um ensino de excelência e temos muito bons professores e formadores.
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