Intervenção em creche: um CTeSP virado para o mercado

Entrevista a Rita Laranjeira, coordenadora do CTeSP em Intervenção Educativa em Creche

A professora Rita Laranjeira coordena o CTeSP em Intervenção Educativa em Creche, lecionado na Escola Superior de Desporto e Educação Jean Piaget de Gaia.

O curso, acrescente-se, está também disponível no Campus Piaget de Almada.

Ao longo da entrevista, a professora explica-nos em que consiste este curso técnico superior profissional, as competências desenvolvidas pelos estudantes ao longo do curso, e como é estudar num Campus de excelência, como é o polo académico em Gaia.

Antes de entrarmos no curso coordena, começamos por uma questão mais genérica, até porque há estudantes que pensam que a entrada no Ensino Superior se faz apenas pela candidatura a uma licenciatura. O que é um CTeSP e quais os requisitos de acesso a este tipo de cursos?

O CTeSP é um curso superior de curta duração. Por exemplo, no caso da Intervenção Educativa em Creche, a duração é de dois anos. É ministrado no âmbito do Ensino Politécnico e confere um diploma de técnico superior profissional, sendo curso de nível 5 do Quadro Nacional de Qualificações.

Este tipo de cursos pretende responder a necessidades reais ao formar técnicos superiores profissionais em áreas onde existe procura no mercado de trabalho. Isto significa que estes cursos têm uma empregabilidade elevada.

Em termos de ingresso, os estudantes têm de ser titulares de um curso do Ensino Secundário; ou têm de ser aprovados nas provas destinadas a avaliar a capacidade para a frequência do Ensino Superior no caso dos estudantes que entram através do concurso para maiores de 23 anos; ou podem ser titulares de um diploma de especialização tecnológica, ter um diploma de outro CTeSP ou até ter um grau de Ensino Superior e quererem fazer um CTeSP para terem uma maior saída profissional.

Quais são as vantagens de fazer um CTeSP?

Para além de ser uma formação de nível 5, como referi anteriormente, este tipo de cursos permite uma formação mais prática e mais direcionada para as necessidades do mercado de trabalho. Para abrir um curso, é feito um levantamento prévio das necessidades da área geográfica para possibilitar uma maior empregabilidade aos estudantes, que estarão depois aptos a entrar no mundo laboral com uma formação específica.

Esta é também uma forma diferente de ingressar no Ensino Superior, uma vez que um CTeSP é uma formação superior, mas não confere o grau académico. Estes cursos facilitam a entrada numa licenciatura e algumas das disciplinas têm equivalência. Isto é, quem termina um curso e segue para uma licenciatura há disciplinas que já estarão feitas.

Falando agora especificamente do CTeSP de Intervenção Educativa em Creche, qual o papel e qual a utilidade de um futuro técnico superior diplomado nesta área?

O técnico irá trabalhar com crianças entre os zero e os 3 anos. Ou seja, atuará ao nível do acompanhamento e desenvolvimento de crianças em contexto de creche, promovendo o bem-estar e o crescimento integral destas crianças.

O que se pretende é que estes técnicos cumpram a função de apoiar a ação educativa, trabalhando em colaboração com os educadores de infância, com o objetivo de dar resposta às necessidades básicas, como o sono, a higiene e a alimentação. Em simultâneo, irão também dinamizar algumas atividades ou acompanhar o educador de infância na dinamização de atividades para promover o bem-estar físico, emocional, social e afetivo das crianças.

Acabou de referir que o futuro técnico irá acompanhar as crianças em contexto de creche. É possível elencar, de forma mais pormenorizada, as saídas profissionais disponíveis para os diplomados e as áreas em que exercerão a sua atividade?

Para além do acompanhamento e do apoio ao desenvolvimento das crianças, pretende-se que estes profissionais consigam planear e implementar atividades educativas, bem como dar assistência e supervisionar crianças em creches e jardins de infância. Note-se que embora este CTeSP seja direcionado para a creche, também habilita os profissionais a trabalhar em jardins de infância.

Pretende-se ainda que estes futuros profissionais colaborem com as famílias e com as equipas pedagógicas e que possam organizar e gerir espaços educativos infantis ou também fazer intervenção em projetos de apoio à primeira infância.

Em resumo, poderão trabalhar em creches, jardins de infância e empresas de prestação de serviços na área do apoio à família e à criança.

Que tipo de competências é que os estudantes desenvolvem ao longo do curso?

O que pretende de um CTeSP é que tenha uma componente mais geral e científica, por um lado, e uma formação mais técnica e em contexto de trabalho, por outro. Isto significa que estudantes terão disciplinas específicas, como matemática, português, pedagogia, psicologia do desenvolvimento, envolvimento parental, educação inclusiva, intervenção precoce na infância, e outras disciplinas mais práticas que lhes deem o conhecimento sobre como é que decorre o desenvolvimento ao nível da psicomotricidade ou das diferentes expressões artísticas, por exemplo.

Neste tipo de cursos, o último semestre é preenchido com um estágio em que os estudantes colocarão em prática os seus conhecimentos e verão como é que se desenvolve o trabalho numa creche, preparando-se assim para a sua futura atividade profissional.

O curso é lecionado num Campus, neste caso Gaia, onde os estudantes vão interagir diariamente com colegas que estão a estudar em áreas muito diferentes. Isso é uma vantagem ou uma desvantagem?

É uma vantagem, sem dúvida! É correto dizer que os estudantes podem interagir com os colegas que estudam em áreas bastante diferentes e o Campus de Gaia é constituído pela Escola Superior de Desporto e Educação e pela Escola Superior de Saúde. Nestes espaços, os estudantes podem interagir, partilhar informação e também conhecimento. Em suma, irão usufruir de um bom ambiente académico e integrar-se num Campus onde, se assim o entenderem, podem prosseguir os seus estudos no Ensino Superior.

Quais são as vantagens de estudar em Gaia? O que mais valoriza no Campus?

As maiores vantagens têm a ver com a familiaridade existente entre os estudantes dos diferentes cursos, por um lado, e a proximidade entre os estudantes e os respetivos docentes, por outro, incluindo também nesta relação o pessoal administrativo. O Campus dispõe de um bom ambiente, bastante descontraído, onde esta proximidade é muito potenciada.

Para terminar, quem é a Professora Rita Laranjeira?

Sou, em termos de formação de base, uma educadora de infância, com formação especializada em Psicologia da Educação e em Educação Especial, especificamente na área da intervenção precoce na infância.

Trabalhei como educadora em instituições da rede solidária privada e da rede pública, tendo acumulado, em algumas delas, funções de coordenação pedagógica. Tenho trabalhado também em equipas de intervenção precoce, onde acompanho crianças com atraso ao nível do seu desenvolvimento ou em risco de apresentar atrasos de desenvolvimento. Sou igualmente coordenadora de uma equipa de intervenção precoce.

Desde comecei a trabalhar na Escola Superior de Desporto e Educação Jean Piaget, no Campus de Gaia, tenho partilhado os meus conhecimentos com os estudantes, ao mesmo tempo que desenvolvo algum trabalho de investigação.